"Como qualquer animal, as condições ambientais influenciam diretamente na correta manutenção do sistema imunológico dos peixes. Em situação de estresse, há uma maior facilidade para os patógenos se manifertarem ou se instalarem. A manutenção de boas condições amibentais é importante como processo profilático. Uma vez desencadeada a parasitose, devem ser iniciados imediatamente os processos terapêuticos.
Paracanthurus hepatus;
O íctio marinho é uma doença causada por um ciliado parasita obrigatório de peixes não específico chamado Cryptocaryon irritans. Este parasita é em muitos aspectos, semelhante ao Ichthyophthririus multifiliis que é o causador do íctio de água doce (ictiofitríase).
Os sintomas são idênticos aos da ictiofitríase, ou seja, há a formação de pontos brancos por toda a superfície do corpo do hospedeiro, incluindo-se as nadadeiras. Simultaneamente há aumento da produção de muco e em caso de parasitose intensa pode haver hemorragias localizadas.
Acanthurus japonicus apresentando os pontos brancos decorrentes de infecção por Cryptocaryon irritans. Observar a distribuição dos pontos que ocorrem em qualquer parte do corpo.
Em alguns casos pode-se observar a opacidade da córnea e emagrecimento dos hospedeiros por falta de apetite. A mortalidade associada à doença pode ser alta sobretudo em condições de cultivo devido à facilidade que o parasita encontra para se espalhar.
O diagnóstico efetua-se através de observação dos sintomas, devendo ser confirmado por análise miocroscópica de raspados de tegumento. A identificação do parasita é fácil devido à forma característica, à cobertura ciliar e à existência de grandes núcleos formados por quatro corpos esféricos que se agrupam em forma de ferradura.
Foto de cima: fotomicrografia em contraste de fase de Cryptocaryon irritans. Observar o núcleo característico e os cílios.;
O C. Irritans não apresenta especifidade parasitária, ou seja, infecta qualquer peixe sem distinção de espécie. Observam-se epizootias a temperaturas de mais de 19ºC. Tolera salinidades mínimas de 16 ppt (partes por mil). Sendo assim, está relacionado diretamente com a temperatura e salinidade da água.
Seu ciclo de vida é igual ao do Ichthyophthririus multifiliis como mostra a figura a seguir.
Ciclo de vida de Cryptocaryon irritans.
O tratamento recomendado para peixes em aquários é a colocação do indivíduo em um aquário com condições controladas para a erradicação do parasita que pode ser de várias maneiras.
Pode-se utilizar banhos terapêuticos com formalina/verde malaquita, redução da salinidade da água até 10 ppt durante 3 horas para matar o parasita na sua fase livrenatante ou mesmo um aquário com uma camada de 1 a 2 cm de areia fina que os trofontes utilizam como substrato durante sua divisão. Se a areia for trocada fazendo-se a aspiração de 3 em 3 dias, consegue-se eliminar os parasitas por remoção constante de suas formas em divisão."
um grande abraço.
texto Rodrigo Rios.